Luta pelo emprego na <em>Visteon</em>
Foi necessário recorrer à greve, dia 5, para a Visteon anunciar que a unidade de Palmela não será afectada com a reestruturação. Mas, em Março, foram despedidas cem funcionárias.
A empresa impôs rescisões a cem trabalhadoras no Dia Internacional da Mulher
A greve de duas horas por turno teve uma adesão acima dos 60 por cento e foi determinante para que a multinacional norte-americana tenha finalmente declarado não estar nos seus planos encerrar a ex-Ford Electrónica, pelo menos por agora.
A novidade foi transmitida aos trabalhadores, na maioria mulheres, no final da reunião com a administração, pelo delegado e dirigente sindical do SIESI/CGTP-IN, Paulo Ribeiro.
Concentradas frente à unidade, as trabalhadoras fizeram saber que não compreendem por que foram então despedidas cem das suas camaradas efectivas, em Março, e porque foram contratadas 150 trabalhadoras a prazo. Isto, numa unidade que obteve resultados de 48 milhões de euros, em 2005.
O dirigente do SIESI, Luís Leitão, também falou ao Avante! sobre as doenças profissionais, uma vez que, «em média, estão 250 trabalhadoras permanentemente em situação de baixa médica por esse motivo». O SIESI acusa a Visteon de «não apostar na prevenção». A situação tem sido denunciada à IGT, mas não houve consequências.
Coordenar as lutas
O anúncio da empresa foi «uma primeira vitória de uma luta que tem de continuar para que a administração cumpra o que agora garantiu», afirmou Luís Leitão.
A luta continua no próximo fim-de-semana, com greve às horas extraordinárias.
Como a reestruturação da multinacional afecta outras unidades na Europa, o SIESI está a tentar coordenar acções de luta conjuntas das trabalhadoras portuguesas com as trabalhadoras espanholas da unidade de Cádiz.
A multinacional norte-americana pôs cinco unidades europeias à venda, situadas na Inglaterra, na Irlanda (duas), na República Checa e na Polónia.
«Antes que surjam novas ameaças, queremos demonstrar que as trabalhadoras poderão endurecer as formas de luta», avisou o dirigente sindical.
Despedimentos injustificados
A desconfiança das trabalhadoras fundamenta-se nos despedimentos recentes.
Em Fevereiro, a Visteon tentou parar a produção durante uma semana, supostamente devido a uma contaminação de um componente, mas, «como se verificou, o componente não tinha qualquer problema», salientou Luís Leitão. As trabalhadoras recusaram parar e deram provas de grande unidade em defesa dos seus direitos.
Em Março, cem funcionárias foram pressionadas para aceitarem rescisões por «mútuo acordo». Os seus cacifos foram esvaziados e o respectivo conteúdo posto à porta da Visteon, por sinal, no Dia Internacional da Mulher, a 8 de Março. «Foi uma prova cabal da total insensibilidade da empresa», acusou Luís Leitão.
A administração avançou depois com um despedimento colectivo de 33 trabalhadoras que recusaram a rescisão. Destas, 10 impugnaram a decisão. O pré-aviso de despedimento só termina dentro de cerca de 60 dias e, até ao fim deste prazo, as trabalhadoras continuam a pertencer à Visteon. No entanto, ficaram impedidas de entrar na unidade. O sindicato apresentou queixa à IGT.
Recentemente, «estiveram na fábrica portuguesa representantes de uma empresa concorrente chamada Jabilz, sediada na Hungria e que trabalha em regime de subcontratação para a Visteon. Vieram observar como aqui se trabalha na preparação de placas e tentaram inclusivamente tirar fotografias às máquinas», denunciou Luís Leitão.
O Governo vive de rumores
Segundo Luís Leitão, «o Governo tem primado pela complacência». «Telefona-se para o secretário de Estado da Indústria e ele responde que ouviu rumores», mas «no mínimo, enquanto eleito pelos portugueses, devia estar muito mais informado e preocupado do que aparenta».
A Visteon Portuguesa emprega 1700 trabalhadores. A empresa, instalada em Portugal desde 1990, é, no País, o maior fabricante de componentes electrónicos para a indústria automóvel.
Depois da Autoeuropa, este é o projecto industrial mais apoiado pelo Estado, tendo recebido dos cofres públicos 190 milhões de euros. É considerada a empresa mais competitiva do grupo Visteon.
«O Governo não parece pretender salvaguardar o que investiu», salientou o sindicalista.
A novidade foi transmitida aos trabalhadores, na maioria mulheres, no final da reunião com a administração, pelo delegado e dirigente sindical do SIESI/CGTP-IN, Paulo Ribeiro.
Concentradas frente à unidade, as trabalhadoras fizeram saber que não compreendem por que foram então despedidas cem das suas camaradas efectivas, em Março, e porque foram contratadas 150 trabalhadoras a prazo. Isto, numa unidade que obteve resultados de 48 milhões de euros, em 2005.
O dirigente do SIESI, Luís Leitão, também falou ao Avante! sobre as doenças profissionais, uma vez que, «em média, estão 250 trabalhadoras permanentemente em situação de baixa médica por esse motivo». O SIESI acusa a Visteon de «não apostar na prevenção». A situação tem sido denunciada à IGT, mas não houve consequências.
Coordenar as lutas
O anúncio da empresa foi «uma primeira vitória de uma luta que tem de continuar para que a administração cumpra o que agora garantiu», afirmou Luís Leitão.
A luta continua no próximo fim-de-semana, com greve às horas extraordinárias.
Como a reestruturação da multinacional afecta outras unidades na Europa, o SIESI está a tentar coordenar acções de luta conjuntas das trabalhadoras portuguesas com as trabalhadoras espanholas da unidade de Cádiz.
A multinacional norte-americana pôs cinco unidades europeias à venda, situadas na Inglaterra, na Irlanda (duas), na República Checa e na Polónia.
«Antes que surjam novas ameaças, queremos demonstrar que as trabalhadoras poderão endurecer as formas de luta», avisou o dirigente sindical.
Despedimentos injustificados
A desconfiança das trabalhadoras fundamenta-se nos despedimentos recentes.
Em Fevereiro, a Visteon tentou parar a produção durante uma semana, supostamente devido a uma contaminação de um componente, mas, «como se verificou, o componente não tinha qualquer problema», salientou Luís Leitão. As trabalhadoras recusaram parar e deram provas de grande unidade em defesa dos seus direitos.
Em Março, cem funcionárias foram pressionadas para aceitarem rescisões por «mútuo acordo». Os seus cacifos foram esvaziados e o respectivo conteúdo posto à porta da Visteon, por sinal, no Dia Internacional da Mulher, a 8 de Março. «Foi uma prova cabal da total insensibilidade da empresa», acusou Luís Leitão.
A administração avançou depois com um despedimento colectivo de 33 trabalhadoras que recusaram a rescisão. Destas, 10 impugnaram a decisão. O pré-aviso de despedimento só termina dentro de cerca de 60 dias e, até ao fim deste prazo, as trabalhadoras continuam a pertencer à Visteon. No entanto, ficaram impedidas de entrar na unidade. O sindicato apresentou queixa à IGT.
Recentemente, «estiveram na fábrica portuguesa representantes de uma empresa concorrente chamada Jabilz, sediada na Hungria e que trabalha em regime de subcontratação para a Visteon. Vieram observar como aqui se trabalha na preparação de placas e tentaram inclusivamente tirar fotografias às máquinas», denunciou Luís Leitão.
O Governo vive de rumores
Segundo Luís Leitão, «o Governo tem primado pela complacência». «Telefona-se para o secretário de Estado da Indústria e ele responde que ouviu rumores», mas «no mínimo, enquanto eleito pelos portugueses, devia estar muito mais informado e preocupado do que aparenta».
A Visteon Portuguesa emprega 1700 trabalhadores. A empresa, instalada em Portugal desde 1990, é, no País, o maior fabricante de componentes electrónicos para a indústria automóvel.
Depois da Autoeuropa, este é o projecto industrial mais apoiado pelo Estado, tendo recebido dos cofres públicos 190 milhões de euros. É considerada a empresa mais competitiva do grupo Visteon.
«O Governo não parece pretender salvaguardar o que investiu», salientou o sindicalista.